Durante minha longa jornada como professora, raros foram os momentos em que me sentei ou permaneci em silêncio, sem interagir com os alunos. Construí minha carreira acreditando que o maior trunfo do professor é fazer com que o aluno o perceba como um cúmplice na tarefa de desvendar o conhecimento, que tenha prazer e curiosidade nas atividades que pratica, e que seja sempre desafiado a crescer, a superar as dificuldades. Acreditando nisso, é dífícil imaginar aulas apenas expositivas, sem interação, sem conversas, sem brincadeiras e atividades lúdicas.
Entretanto, houve raros momentos de calma e silêncio.
O texto a seguir, escrito há alguns anos, retrata um desses momentos.
Desfruto deste momento,
raro e fugaz,
de completa imobilidade.
Mente esvaziada de angústias,
problemas - solúveis talvez -
planos, projeto, dores...
A classe, silenciosa, calcula e pensa,
suspira e apaga... e escreve.
Eu, à frente, somente observo, quieta.
Pela janela aberta,
em meio à brisa matinal,
vozes que brincam,
pés que correm,
vida em movimento.
Nada, porém, desfaz esse momento,
e desfruto com prazer desse hiato
que, certamente passageiro,
será rompido a qualquer instante.
Alguém se move e se levanta
e se aproxima.
Rompe-se o instante,
e a vida retoma seu pulsar.
Novamente dona das minhas ações,
também me levanto, movimento-me
e retorno ao cotidiano agitado
que constrói o meu viver....
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