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Peço licença para reproduzir um texto publicado no ano passado, desejando a todos muitas tardes como a que descrevo.
Entardecer de ócio
Aos meus amigos, a quem gostaria de oferecer uma tarde assim.
Todos deveriam ter o direito de desfrutar de um entardecer de ócio. Todos, sem exceção, de todas as cores, credos ou procedências, jovens, adultos, idosos, deveriam, por direito, usufruir da beleza do pôr-do-sol, em perfeita ociosidade.
Bons ou maus, não tão bons, nem tão maus, pobres e ricos, trabalhadores e desempregados, comunistas, socialistas, imperialistas, capitalistas e todos os "istas" possíveis, nenhum deles seria privado do direito de contemplar, imóvel e em completo descanso, o róseo do céu, o vermelho do sol que se põe no horizonte.
E ainda todos aqueles que amam e que odeiam, que choram e que riem, seja por alegria, seja por tristeza, seja por inveja, seja por raiva, os sinceros e os falsos, os cínicos, os irônicos, os confiáveis e os amáveis: sim, todos eles deveriam ter esse direito e dele usufruir...
Seria um entardecer de plena paz: sem desejos nem anseios, sem planos e decisões, sem projetos, sem perspectivas: apenas o céu e o sol. Mas também não haveria mágoas ou tristezas, lembranças e saudades, dores e temores. Nada. Apenas a tarde.
E a tarde seria bela: o céu de um azul perfeito, algumas nuvens, por que não? Afinal é possível a magistral beleza de um céu em que as nuvens deixam escapar feixes de luz.
No horizonte, aos olhos extasiados, se mostraria o rosa, o lilás e o dourado, emoldurando o disco vermelho que se despede, aos poucos, prenunciando a noite.
A tarde seria também perfumada e sonora. Perfume de flores no ar, nada forte, nada intenso, nada que perturbasse o recolhimento e o prazer daqueles instantes em que o tempo deixou de existir. Sons de pássaros, em voos rápidos, aos pares ou em bandos, ou ainda solitários, completariam a festa dos sentidos, sons e aromas, cores e luz, perfeição.
E nesse entardecer de ócio, total desprendimento de tudo que parece ser tão importante: coisas, pessoas, ações, até o tempo pareceria imóvel: uma pausa, um hiato, um momento de puro deleite, de entrega e interação. Seriam todos apenas um: ser e natureza, integrados. Sem pressa, sem tempo, sem nada.
Apenas a tarde.
Publicado originalmente em 11 de janeiro de 2011.
Vou tentar fazer uma intertextualidade com o Texto ENTARDECER DE ÓCIO.
ResponderExcluirComo diz uma amiga:
-"A ociosidade não me cansa"
Não considero isso um crime, porque a vida é boa assim.
E para mudar um pouquinho o rumo em 2012, tive que adequar
à minha rotina algo que antes de mais nada me desse prazer.
Continuo não abrindo as faturas dos cartões de crédito.
Não é sacrifício ter quem as pague pra mim.
Tenho andado por ai distribuindo sorrisos
e gentilezas, tudo grátis!
E ainda sinto um frio na barriga ao imaginar que em poucos
dias passarei de desocupada à dona de República.
A República da tia San. [Para Maiores, naturalmente]
Não, não comi cogumelos alucinógenos.
Meu analista diz que devo mudar, andei observando
o consultório dele nos últimos anos;
tudo igual, incluindo o Divã.
Obrigada pela visita e pelo texto, Eunice. Gostei de ambos. Beijo.
ExcluirJane,
ResponderExcluirObrigada pelo entardecer de ócio que vou planear para daqui uns tempos, pois ando a terminar um projecto que envolve tempo.
Apetecia-me mergulhar já no seu texto. :)
Gostei muito. Parabéns!
beijinho e grata pela visita. :)