Um espaço para a prosa e a poesia de todo dia, um espaço para os textos que amamos, os textos que produzimos, os textos que geram outros textos...
Viver em prosa e poesia, sem perder a ingenuidade e a utopia, mas de olhos abertos para o que se mostra, para o que é presente, para o que machuca e para o que se sente.
Vivemos em um mundo que grita pelo fim da guerra, da fome, da corrupção, do materialismo... Vivemos em um mundo que brada por igualdade, por direitos, por honestidade.
Neste espaço, sem a preocupação de levantar bandeiras, de propor movimentos, apenas gostaria de falar sobre delicadeza. A delicadeza que nos rodeia e que nem sempre percebemos, aquela que muitas vezes não é retribuída, não é valorizada.
Hoje pela manhã, bem cedo, em direção ao trabalho, percebi que o carro à minha frente deu uma guinada à esquerda. Nada muito ameaçador, mas me fez prestar atenção ao motivo do rápido desvio. E o motivo caminhava tranquilamente, completando seu trajeto: um pequeno pombo atravessava a rua... Sorrindo, percebi a sensibilidade do motorista que desviou de um pequeno pombo. Delicadeza...
Mais tarde, já na Faculdade, ligou-me uma aluna para comunicar que não iria frequentar esse semestre para terminar seu Trabalho de Conclusão. Voltaria apenas no próximo. Estava apenas comunicando o fato. Agradeci a gentileza e desliguei o telefone sorrindo. Ela não precisava justificar-se à coordenadora, era apenas um ato de delicadeza...
E assim, pequenas ações tornaram meu dia mais feliz e agora encontro em minha mesa um livrinho de poesias de Guiomar Paiva, com fotos de Cesar Saulo que é simplesmente uma delicadeza... Chama-se Quintais, fachadas não! Transcrevo alguns versos de que gosto muito:
" Há tanta beleza, esconderijos e mistérios nos quintais...
Nas fachadas, não.
Os quintais contam segredos e o jeito de ser do dono que arquiteto nenhum põe no papel...
As fachadas não
(...)
Quintais!
O que mais gosto neles é que, por mais que se pareçam não existem dois iguais.
As fachadas... não"
Delicadeza, gentileza, precisamos disso para sobreviver nesta nossa lida diária. E a palavra gentileza me lembra o Poeta Gentileza, do Rio de Janeiro que escrevia seus poemas cheios de ensinamentos nas pilastras das ruas cariocas. É dele a frase: Gentileza gera gentileza, que deu origem ao movimento Rio com Gentileza; http://www.riocomgentileza.com.br/
Para um final a essas divagações nada melhor do que Dori Caimi. Delicadeza!