sábado, 4 de outubro de 2014

A VIDA NÃO ERA ASSIM...

Caros amigos,
Desde que incorporei o blog ao Google+ várias pessoas tiveram dificuldade em comentar as postagens. Assim, achei melhor desativar essa ferramenta e voltar ao sistema anterior. 


Em véspera de eleições presidenciais, a música de Ivan Lins vem bem a propósito:
"A vida não era assim...
       A gente não era assim..."


Abraços a todos que me seguem.

Abre alas
Ivan Lins
Youtube

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

LUGARES 3 - LA SAINTE CHAPELLE

A manhã era fria naquela primavera parisiense. Após o café com croissants iniciamos nossa caminhada diária, descobrindo a cidade com olhos deslumbrados. Sem guia, sem destino, apenas indo ao encontro de lugares que gostaríamos de ver, de estar, de sentir.
A sensação de estar em Paris já era gratificante, afinal era  um sonho se realizava. Entretanto não esperava mais do que a beleza que já vira em fotos e em filmes. 
Foi quando entramos na Sainte-Chapelle.
A igreja inferior é bela e harmoniosa. Baixa,  com apenas sete metros de altura, impressiona  pelos  vários arcos, sustentados por colunas finas e pela cor. Ou como dizem os especialistas, pela decoração policromática.
Mas, o que vemos ali embaixo não sinaliza o que nos espera ao subir a escada em caracol.
Ao fim da escada, o impacto de uma igreja imensamente alta (vinte metros de altura) parecendo quase totalmente formada de vitrais multicoloridos em que predominam o azul e o vermelho. É deslumbrante!
Emociona  pensar que essa obra de arte foi construída no século XIII, sobreviveu a duas guerras mundiais e se mostra ainda perfeita com toda sua beleza.
Um lugar inesquecível!




Sainte-Chapelle - Igreja Inferior


Sainte-Chapelle - Igreja Superior


Sainte-Chapelle - Detalhe do vitral


Imagens:
http://visite-guidee-paris.fr/visites/sainte-chapelle/
http://hmunro.wordpress.com/2012/11/29/la-sainte-chapelle-paris-crown-jewel/
http://inzumi.com/en/travel/point-of-interest/d_id/Paris/c_id/Sightseeing/p_id/La-Sainte-Chapelle

sábado, 23 de agosto de 2014

SEMPRE POESIA 3: DOIS POEMAS




Dois poemas, dois apelos. 
O primeiro leva o leitor à exploração dos significados, à busca das interpretações subjetivas. Extremamente conciso e direto, permite, entretanto, um aprofundamento das ideias, um desdobramento de imagens e de sensações.
O segundo nos faz navegar pela sonoridade e plasticidade, um poema luminoso e iluminado, que se abre à exploração dos sentidos.


                                                          SERENATA SINTÉTICA
                                                                Cassiano Ricardo

Rua
        torta

Lua
          morta

Tua
          porta


LUZ DO SOL
Caetano Veloso


Luz do sol, 
Que a folha traga e traduz
Em verde novo, em folha, em graça,
Em vida, em força e em luz.
Céu azul, 
Que vem até aonde os pés tocam a terra
E a terra expira e exala seus azuis.

Reza, reza o rio,
Córrego pro rio,
O rio pro mar.
Reza a correnteza,
Roça a beira,
Doura a areia.

Marcha o homem sobre o chão,
Leva no coração uma ferida acesa.
Dono do sim e do não
Diante da visão da infinita beleza
Finda por ferir com a mão essa delicadeza,
A coisa mais querida:
A glória da vida.

Luz do sol
Caetano Veloso
   Youtube


Poema: Serenata Sintética, de Cassiano Ricardo e Luz do Sol, de Caetano Veloso em: INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto. 5.ed. São Paulo, Scipione, 1998.
Imagem: sweet-hope. blogspot.com.br


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

ARTE E EMOÇÃO 2: AS QUATRO PIETÁS DE MICHELANGELO

Contemplar a Pietá de MIchellangelo, no Vaticano,  é perceber a beleza em sua forma mais perfeita: a cor e o brilho do mármore, a expressão da Madona e do Cristo morto, as linhas sinuosas, a perfeição dos corpos, das vestes... 
Sabe-se entretanto que esta é apenas uma das quatro Pietás esculpidas pelo artista. Outras três, das quais duas  são reconhecidamente dele, encontram-se nos museus de Florença e Milão. Cada uma delas , com suas peculiaridades, expressam a força e a grandiosidade de Michelangelo Buonarrotti..


Pietá Vaticana ou de São Pedro, em mármore de Carrara, encontra-se no Vaticano.



Pietá Bandini, encontra-se no Museu dell' Opera del Duomo, em Florença. Diferente das demais, traz, amparando Cristo, uma figura masculina: José de Arimateia. Diz-se que o rosto deste é o auto-retrato de MIchellangelo.


Pietá de Palestrina, encontra-se na Galleria dell'Accademia, também em Florença. Uma das duas Pietás inacabadas de Michellângelo, há dúvidas sobre a autoria, por não existirem documentos que provem sua autenticidade.


Finalmente, a Pietá de Rondanini, também inacabada, pode ser vista no Castelo Sforzesco, em Milão. Sabe-se que Michelangelo trabalhava nesta obra pouco antes de morrer.



LA PIEDAD:  Robert Hupka e Giorgio Vasari. 
Melodia: Angeli, de Sacha Lazard
Youtube

As informações contidas nesta postagem foram obtidas no blog SIMECQ.CULTURAhttp://simeqcultura.blogspot.com.br

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

LUGARES 2: SOL, PRAIA, MAR E FELICIDADE

Afinal o que é ser feliz?
Já disse uma vez que a felicidade está nas pequenas alegrias do dia a dia. 
Entretanto é preciso saber valorizar todos os momentos, deixando de lado angústias, dores, temores, que povoam nossa mente e corpo e abrir os olhos para a vida.
Deixar que a beleza de uma manhã, os acordes de uma melodia ou o aroma de uma flor dominem nossos sentidos...

Peço perdão aos meus amigos fotógrafos e completo a postagem com imagens feitas com minha câmera, velhinha como eu, de lugares que me proporcionaram  momentos de muita paz e felicidade. E finalmente a música saborosa de Vanessa da Mata e Gilberto Gil: Quando amanhecer.


"Pescador da  barca bela,
onde vai pescar com ela?"
(Almeida Garret)

"Quem vem pra beira do mar
Nunca mais quer voltar..."
(Dorival Caymmi)

" O mar, quando quebra na praia,
é bonito, é bonito..." 
(Dorival Caymmi)

"Quando amanhecer
     Será pra iluminar você..."
(Vanessa da Mata)

Quando amanhecer
Vanessa da Mata e Gilberto Gil
Youtube

Fotos das praias de Astúrias e do Tombo em Guarujá, São Paulo

segunda-feira, 28 de julho de 2014

SEMPRE POESIA - 2: GOTAS DE CHUVA



http://umolharsonhador.blogspot.com.br

Gotas de chuva na janela
e o coração se agita
em dolorosas memórias 
de lama e dor.

Gotas de chuva na janela
e a alma enclausurada em esquecimento
apenas observa o correr das gotas,
sem lembranças...

Gotas de chuva na janela
e a mãe, o filho ao colo,
murmura preces,  
esperando um  milagre.

Gotas de chuva na janela
e a ansiedade adolescente  
 vê planos desfeitos, 
prazeres adiados.

Gotas de chuva na janela
e prenúncios de barcos  de papel na enxurrada
fazem sorrir o menino
antecipando folguedos.

Pensamentos vários, lembranças remotas,
e o verso brota e flui, riscando a página,
inconstante e fugaz como as gotas de chuva  na janela.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

CRÔNICAS DA MINHA TERRA: ESTÂNCIA DOS REIS






O barulho cadenciado das patas dos cavalos no calçamento da cidade é a lembrança remota, audível ainda, embora apenas em minha memória afetiva. Em seguida a chegada e o apear da charrete diante do portal em arco, pois o cavalo não passaria pelas madeiras assentadas uma ao lado da outra - o chamado mata-burros. Meus pés, pequeninos, pulando uma a uma imaginavam cenas de cavalos enormes com suas patas quebradas.
A mão da mãe, segurando firmemente, me encorajava e eu, bravamente, ultrapassava a barreira e entrava em um mundo mágico de prazer e beleza.
As lembranças se confundem e espaços harmoniosos vêm à minha lembrança: uma pequena ponte que levava a uma ilhota, uma nascente, onde fui informada de que os peixinhos que via correrem rápidos eram na verdade os futuros sapos e seu nome, que guardei para sempre, os girinos.
As árvores que faziam uma sombra agradável, o caminhar despreocupado, o domingo de sol.
Essas lembranças se confundem com outras, em que eu, já adolescente, junto a colegas de classe, participava de um almoço no amplo salão. Não havia mais a magia, nem o descobrimento de novas criaturas, mas sim a camaradagem, a amizade. Não me lembro de rostos, ou de falas. Sei que estavam todos lá. Estariam mesmo? A memória tenta preencher lacunas. Não há certezas...
Estância dos Reis. O espaço belíssimo, agradável, em local privilegiado, teve seu fim e em seu lugar um conjunto residencial se instalou. Somente restou a sede - o hotel - com sua arquitetura encantadora entre árvores e jardins.
O bairro cresceu, as ruas foram calçadas, novas construções, o progresso. Edifícios, comércio.
Ali voltei e por alguns anos, mas sem que as lembranças que hoje se instalam tivessem uma referência. Fui professora  na escola que se instalou no espaço preservado da antiga Estãncia: mais claramente: na antiga construção do hotel e em anexos ali construidos.
O tempo se encarregou de criar um novo perfil ao lugar, Crianças correm por ali, agora uniformizadas, e não mais em busca do conhecimento palpável do contato à natureza, mas em busca do conhecimento formal, da formação educacional. A magia, que tanto me encantava, não mais existe. A ilhota há muito deixou de existir e, se há girinos, eles se escondem em algum canto remoto, à sombra de olhos ávidos.
Tudo se foi. O espaço, as charretes, que não cabem mais neste trânsito de hoje, a mão firme e carinhosa da mãe, a inocência, a ingenuidade...
A antiga Estância dos Reis continua bela e vibrante apenas em minhas lembranças e naquelas dos que ali também brincaram em tardes ensolaradas de domingo.



segunda-feira, 14 de julho de 2014

CONVITE

Fiquei lisonjeada pelo convite feito pela Ana do blog (In)Cultura. Esta  amiga convidou-me a responder a algumas questões que refletem nosso posicionamentos perante a vida e as situações que enfrentamos. Obrigada, minha amiga.
Seguem as questões e as minhas respostas.




O mundo seria muito mais feliz se ...
as pessoas se preocupassem mais em Ser e não em Ter.

Uma amizade é realmente importante quando ...
não é preciso explicar-se. Ela se basta.

Paciência e tolerância são para mim ...
essenciais para uma vida tranquila.

Algo que me irrita profundamente é ...
a falsidade e a grosseria.

Acho que as pessoas mais humildes ...
são facilmente enganadas pelos maus políticos. Principalmente neste meu país. É preciso que a educação e a cultura não sejam privilégios de uma classe social mais favorecida.

Quando o dia amanhece nublado eu ...
eu me sinto feliz. Amo os dias nublados e chuvosos. (embora também seja feliz em dias de sol...)

Uma qualidade indispensável nas pessoas é ...
a sinceridade. Um amigo sincero não tem preço. 

Devo agora convidar seis pessoas para que respondam às questões propostas, a fim de continuar o desafio. Como disse a Ana, sintam-se à vontade para não aceitar o convite. 

Convido  
Maria Emília do blog  Mulher-Flor ou Flor-Mulher
Angelines do blog  El bosque de Trimbolera
Cristina do blog Sarau da Cris
AC do blog Interioridades
Gilson do blog Espaço Imaginário 
Lis do blog Simplesmentelis



domingo, 13 de julho de 2014

ARTE E EMOÇÃO - 1

A arte emociona.
O brilho do mármore da Pietá de Michelângelo é indescritível, e imaginar que a mão do homem tirou da pedra tanta beleza, nos faz ficar imóveis, apenas olhando, a perder-se  em suas linhas, formas, cor e brilho.
Outras emoções sentimos ao observar o painel Guernica, de Pablo Picasso. A força da imagem,  o contraste do preto e branco, as expressões angustiadas, conseguem nos incomodar, perceber e partilhar a revolta para uma situação de conflito.
Assim é a arte: para inundar nossos olhos, compreendendo ou não o que o autor pretende, mas sentindo, identificando-nos, apreciando ou rejeitando, mas sempre tocados por ela.
Hoje trago uma obra de um amigo especial. Excelente professor universitário, palestrante admirado por todos que participaram de suas apresentações e  - descubro agora - também um grande artista:  Professor Doutor Francisco Carlos Franco. Com sua autorização, reproduzo aqui a bela obra de arte produzida por ele.



PELAS RUAS ONDE ANDEI - MOGI
Francisco Carlos Franco

Para fechar esta postagem,  o poeta de todos nós: Manoel de Barros.


UMA DIDÁTICA DA INVENÇÃO
Manoel de Barros

XIII
As coisas não querem mais ser vistas por
pessoas razoáveis:
Elas desejam ser olhadas de azul -
Que nem uma criança que você olha de ave.

MORICONI, I. Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro, Objtiva, 2001. p.312.




sexta-feira, 4 de julho de 2014

SEMPRE POESIA - 1

VISÕES DE FAMÍLIA

Encontro um poema de Drummond, acompanhado de uma tela de Botero, em um  livro didático que usei muito em minhas aulas de Língua Portuguesa, por oferecer uma visão abrangente do uso da língua, não se atendo apenas às noções gramaticais.
Drummond, meu poeta preferido, várias vezes lembrado neste espaço, e Botero, o  pintor colombiano  que apresenta a figura humana sempre em formas arredondadas.
Imagem e poema retratando a visão do artista para um tema de alto valor afetivo.


FAMÍLIA
Carlos Drummond de Andrade

Três meninos e duas meninas,
sendo uma ainda de colo.
A cozinheira preta, a copeira mulata,
o papagaio, o gato, o cachorro,
as galinhas gordas no palmo de horta
e a mulher que trata de tudo.

A espreguiçadeira, a cama, a gangorra,
o cigarro, o trabalho, a reza,
a goiabada na sobremesa de domingo,
o palito nos dentes contentes,
o gramofone rouco toda noite
e a mulher que trata de tudo.

O agiota, o leiteiro, o turco,
o médico uma vez por mês,
o bilhete todas as semanas
branco! Mas a esperança verde.
A mulher que trata de tudo
e a felicidade.

CEREJA, W.R.; MAGALHÃES, T.C. Gramática Reflexiva: texto, semântica e interação. São Paulo, Atual, 1999. p.106.

A família - Fernando Botero
1989
arteseanp.blogspot.com.br

domingo, 29 de junho de 2014

LUGARES - 1

A beleza está em nós. Em nosso olhar, em nosso sentimento, em nossa sensibilidade.
Já tive a oportunidade de ver pessoas passarem apressadas, olhando de relance obras de arte que a mão do homem produziu, ou então verdadeiras obras de arte produzidas pela natureza, apressadas para chegar a qualquer centro de compras e comprar, comprar, comprar...
Mas há aqueles que, como eu, guardam com carinho e admiração, momentos de verdadeira contemplação, em que se pode perceber a grandiosidade, a perfeição das linhas, das formas, das cores, das texturas...
Dentre os muitos lugares e obras que me encantaram, não me esqueço da sensação de grandiosidade que me fez até perder o ar, quando, ao sair de uma daquelas estreitas  ruas de Florença, deparei-me com o majestoso Duomo.
A Catedral Santa Maria del Fiore, de Florença, construída em 1296, impressiona não apenas por sua grandiosidade, mas também  pela cúpula de Fillippo Brunelleschi e pela fachada, do século XIX, que apresenta um trabalhado mosaico  em mármore colorido, no estilo neogótico.(Wikipedia, enciclopédia livre).
Inesquecível!



1. Ao final da via medieval, o Duomo nos aguarda...




2. Mosaico em mármore colorido...


3. A "Porta do Paraiso"


4. O Duomo ao entardecer.

Fotos: 
1. Ana Flávia Gatti; 
2. Ana Flávia Gatti; 
3. Imagebank: http://chnm.gmu.edu/courses/ffolliott/arth340/imagebank.html ;
4.www.disfrutaflorencia.com


quinta-feira, 26 de junho de 2014

PERÍODO SABÁTICO





         Após um período sabático, estou de volta.

        Depois de digitar a frase acima, parei a refletir sobre ela e fui em busca do significado da palavra sabático. Encontrei no blog Caminho a pé algumas informações interessantes, que transcrevo a seguir.

Shabat ou Sabá em português, é o nome dado ao dia de descanso semanal no judaísmo, simbolizando o sétimo dia em Gênesis, após os seis dias de Criação.

A palavra hebraica שבת, shabāt, tem relação com o o verbo שבת, shavāt, que significa "cessar". Apesar de ser quase universalmente como "descanso" ou um "período de descanso", uma tradução mais literal seria "cessão". Cessão de um ciclo de trabalho, de relacionamento ou de vida.

 http://caminhoape.blogspot.com.br/2010/03/periodo-sabatico.html



      E realmente assim foi. Simplesmente parei. Por três meses deixei de escrever, comentar e, até mesmo, ler os blogs que sigo. Por quê? Não sei.
Nem mesmo o conto cujo final ainda está por ser escrito, o romance em que trabalho há já algum tempo... Nada.
       Uma pausa. Um hiato. Uma cessão.
    Final de um ciclo que hoje se reinicia, com o objetivo de trazer neste blog algo mais organizado, mais planejado e sem a carga de estresse que me acompanhava nas últimas postagens, ao procurar temas ou poemas (perdoem a rima pobre...) , com a angústia da exigência pessoal de publicar.
    Espero que este novo ciclo seja longo e que a chama que o alimenta seja bem mais duradoura do que a da vela que ilustra esta página.
       
Abraços a todos.





domingo, 2 de março de 2014

SOBRE FOTOGRAFIA, ARQUITETURA E ARTE


Beco do Pinto - São Paulo - SP
http://www.prefeitura.sp.gov.br



O "Estadão" deste domingo traz o interessante e agradável ensaio da designer gráfica e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Priscila Farias, com o título "Beleza Áspera". Nele, a professora apresenta o fotógrafo J. R. D'Elboux que registrou  o conjunto de letras e números que fazem parte do espaço urbano. Transcrevo os primeiros parágrafos. 


Caminhando pelas ruas da cidade, somos cercados por eles. Forjados em metal, incrustados nos granitos imponentes que revestem as fachadas dos edifícios do centro histórico. Dourados como o ouro doado para o bem de São Paulo. Traçados com a régua, o compasso e os esquadros dos engenheiros e arquitetos modernistas. Mas também acidentais e acidentados, na fronteira da legalidade, inscritos na madrugada, com os espirros calculados de tampinhas customizadas ou com rolinhos selvagens, tinta pingando nos ombros do colega que deu suporte.
Eles são as letras e números que marcam, demarcam e conduzem o fluxo urbano. Informam o nome do edifício, o tipo de comércio e os algarismos que correspondem a sua posição na rua. Indicam que aquele é (ou era) o lugar de colocar as cartas, o leite, o pão.  [...]
Esse conjunto de letras, números e sinais presentes no espaço público constitui a paisagem tipográfica da cidade. É um conjunto vasto e complexo, como a própria metrópole. Tem características que variam de bairro para bairro, e até de rua para rua. Essas características contribuem para a percepção de certo sentido de lugar, que, ao se tornar parte da memória coletiva, influencia a constituição de uma identidade local.


Leia o ensaio em http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,beleza-aspera,1136258,0.htm

Conheça o trabalho do fotógrafo em http://tipospaulistanos.com.br/

Como sugestão de harmonização o fotógrafo sugere a melodia So Long Frank Lloyd Wright


So Long Frank  Lloyd Wright
Nouvelle Cuisine
Youtube
Frank  Lloyd Wright (1857-1959), arquiteto americano, defendia que o projeto deve ser individual, de acordo com a localização e finalidade. Dizia que "a forma e a função são uma só".
http://educacao.uol.com.br/biografias/frank-lloyd-wright.jhtm

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

MONTANHAS DE MINAS


copyright Albertina Dias
no blog: NATUREZA - Um toque especial de Deus
Postado por Thymonthy Becker
http://oprevisor.blogspot.com.br/2010/08/as-montanhas-das-minas-gerais.html


Fartas e femininas
são as montanhas de Minas:
contornos arredondados
vegetação que se transforma
aos olhos do viajante.
Ora abundante,
ora veludo verde, atapetando a terra,
pincelado pelo gado do bom leite.

Essa Minas que conheço
e que me acolhe hospitaleira
tem um quê de antepassados,
de uma avó que conheci apenas
pelos contares depois da janta:
de uma avó ainda menina, que o italiano comprou...

Essa Minas que eu conheço
revigora, fortalece,
firma meus passos que o tempo
teima em enfraquecer.
Nela eu bebo da água boa, 
das fontes que jorram sem cessar.
Nela eu encontro a paz
em sonoridades aladas,
em farfalhar de folhas que o vento embala, suave.

Minas, as Gerais,
terra de meu pai, de minha avó,
presente no sangue e na estima,
me encanta e estará sempre
na lembrança afetuosa, no desejo de voltar...



Como faz um viajante, a procurar horizontes...
Almir Sater
Horizontes
Youtube

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

TEMPO


O tempo insiste em deixar marcas:
Em meu rosto, em minhas mãos...
O tempo insiste em se fazer presente
Criando passados,
Limitando os passos,
Os compassos...

Disse o poeta que seu tempo é quando;
O meu tempo é o momento
Da palavra pensada,
Do verso, sem rima, sem nexo...
O meu tempo se faz e se desfaz,
Uma linha que se tece e se perde
No desenrolar do novelo...

Tempo, tempo, tempo, tempo
Diz a canção
Que o vento traz e leva.
Esparramando a poeira do caminho,
Balançando as folhas
Da árvore que plantei
Em um tempo que se foi.

Meu tempo é o poema,
Que se perde ao ser gerado
Mas é aquele que ao nascer tem a força das marés:
Quebra os limites,
Apaga as marcas
Faz esquecer passados,
E dura o tempo necessário

Para compor a vida em versos sem rima e sem nexo...

Oração ao Tempo
Rita Ribeiro 
Youtube