sexta-feira, 29 de março de 2013

TRIBUTO A VINÍCIUS DE MORAES

Neste ano de 2013, se ainda estivesse entre nós,  Vinícius de Moraes completaria 100 anos.

Assim o definiu Carlos Drummond de Andrade: "O único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural"

Foi, antes de tudo, um apaixonado - e a paixão, sabemos desde os gregos, é o terreno do indomável.


Projeto Releituras - Armando Nogueira Junior
http://www.releituras.com/viniciusm_bio.asp



POÉTICA II

Com as lágrimas do tempo
E a cal do meu dia
Eu fiz o cimento 
Da minha poesia.

E na perspectiva
Da vida futura
Ergui em carne viva
Sua arquitetura.

Não sei bem se é casa
Se é torre ou se é templo:
(Um templo sem Deus.)

Mas é grande e clara
Pertence ao seu tempo
- Entrai, irmãos meus!


MORAES, Vinícius de. In: Vinícius de Moraes - Obra poética. Rio de Janeiro, Aguilar, 1968.


TOMARA!


Como dizia o Poeta
Vinícius, Marília Medalha, Toquinho e Trio Mocotó
Youtube



terça-feira, 5 de março de 2013

MOGI DAS CRUZES


Nasci e vivo em uma cidade com mais de quatrocentos anos, mais precisamente 452 anos. Para muitos, talvez quatrocentos anos não sejam muito, comparando a cidades cuja história remonta à Idade Média, ou se perdem no tempo, sendo até hoje tema de pesquisas e estudos.
Entretanto, em um continente, cuja história se inicia no ano de 1492 e em um país cujos primeiros dados históricos datam de 1500, uma cidade que tem sua história registrada sessenta anos após a chegada do descobridor Cabral a estas terras, hoje chamadas de Brasil, pode ser considerada muito antiga!



Google Imagens

E a história se mostra em minha terra., visível a olhos perspicazes. A bela serra do Itapeti é a mesma que enfeitava a sesmaria de Braz Cubas, desbravada por Gaspar Vaz. O rio Tietê, que corta nossa cidade é o mesmo no qual singraram bandeirantes em busca de novas terras, ouro e pedras preciosas. É verdade que a serra, em certos pontos encontra-se devastada, alguns espaços deram lugar a condomínios e conjuntos residenciais, mas ela ainda está lá.
O rio Tietê, poluído, assoreado, percorre seu caminho, manso agora que as chuvas de verão   deram trégua, acomodado em seu leito, sem invadir ruas e casas como costuma fazer.
Os vários córregos que tornaram esta uma "cidade de boas águas" para os primeiros moradores, hoje canalizados, ainda cortam a cidade e vez ou outra se fazem presentes em grandes enchentes, como que dizendo: Eu ainda estou aqui... Vocês me mataram e me aprisionaram em canais estreitos, mas eu ainda estou aqui...
A história se faz presente em ruas estreitas, casarões, igrejas centenárias.

                                          Vista de Mogi das Cruzes: à esquerda, à frente a Universidade de Mogi das Cruzes, 
                                           à direita o Mogi Shopping e ao fundo, atrás dos prédios, a Serra do Itapeti.

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=542304

Entretanto, pouco se faz pela preservação desse passado tão importante para nossa consciência como seres  históricos e participativos. Os casarões são abandonados à própria sorte, até que para a segurança daqueles que não os preservaram, sejam demolidos, ou então modificados, muitas vezes deixando apenas a parede da frente, iludindo os olhos dos que procuram as marcas do passado.
Dentre as igrejas centenárias, algumas resistem tenazmente graças ao desvelo das ordens religiosas, de pessoas devotas, de irmandades empenhadas em manter e cuidar. Somente na lembrança,  ficou a Igreja do Rosário, demolida,  cujas terras foram vendidas e hoje dão lugar a um centro de compras...
Agora ouço dizer que querem "atualizar" o nosso brasão, idealizado por Afonso Taunay e desenhado por Wasth Rodrigues, em 1930.  Segundo aqueles que defendem a ideia, é necessário corrigir e modificar o que foi projetado há mais de oitenta anos. 
O que dizer sobre isso?
Em uma terra que deixa morrer seus rios e que destroi seu passado, tudo é possível. Até mesmo modificar um dos símbolos da cidade. 

fontes: Izaac Grimberg em  História de Mogi das Cruzes e  Wickpedia

domingo, 3 de março de 2013

BOTYRA CAMORIM

Hoje, 03 de março, Botyra Camorim completaria 103 anos.
Professora alfabetizadora, escritora, poeta, co-fundadora do Centro Mello Freire de Cultura, da APAE de Mogi das Cruzes, Botyra Camorim teve uma vida de muito trabalho, dedicação, lisura e dinamismo.
Iniciou sua vida no magistério deixando sua terra natal, São Paulo e mais precisamente o Braz, bairro em que passou a infância e adolescência feliz, para ingressar em uma cidadezinha distante, quase na divisa com o Paraná, passando a viver nas escolas, nas casas cedidas por fazendeiros, enfrentando dificuldades jamais vividas anteriormente, típicas da vida na roça no início do século passado.
Até chegar a Mogi das Cruzes, lecionou em várias cidades do estado de São Paulo, sempre tentando a remoção para a capital. Aqui, fincou raizes e criou os cinco filhos, ao lado do marido.
Nesta cidade lançou seu primeiro livro: Uma vida no magistério e continuou como escritora,  poeta e cronista até o final de sua vida. Durante anos participou do Centro Mello Freire de Cultura, entidade que reunia escritores, jornalistas, poetas, repentistas, enfim, as pessoas que compunham a literatura desta cidade.
Aposentada, participou da fundação da APAE de Mogi das Cruzes, da qual foi  diretora por vários anos.
Sua obra mantém-se viva e seu livro Uma vida no magistério é material de estudo na Universidade de São Paulo, que pesquisa as professoras autoras de autobiografias.
Mais do que seu papel como professora e escritora, quem a conheceu guarda na memória a figura frágil porém de espírito forte. Lembra ainda a mulher alegre, dinâmica, cheia de amor à vida, a mãe presente e dedicada, a amiga fiel e principalmente, aquela que legou aos filhos e netos  um exemplo de dignidade e retidão.

 Google Imagens:
Jornal Mogi News - Mogi das Cruzes

Botyra Camorim em quatro momentos. Em sentido horário: em evento, com colegas professoras; discursando em solenidade em Mogi das Cruzes; entrando na Câmara Municipal de Mogi das Cruzes, para receber o título de Cidadã Mogiana e aos 18 anos,  com trajes de formatura da Escola Normal Padre Anchieta, em São Paulo.

IDEAL

A teima muitas vezes
é que torna possível
as coisas impossíveis

Persistir em algo
que amamos,
que acreditamos
ser realizado,
é tornar real
o que chamamos de ideal.

CAMORIM, Botyra. Emoção. Mogi das Cruzes, Ed. do autor, 1985.