terça-feira, 5 de março de 2013

MOGI DAS CRUZES


Nasci e vivo em uma cidade com mais de quatrocentos anos, mais precisamente 452 anos. Para muitos, talvez quatrocentos anos não sejam muito, comparando a cidades cuja história remonta à Idade Média, ou se perdem no tempo, sendo até hoje tema de pesquisas e estudos.
Entretanto, em um continente, cuja história se inicia no ano de 1492 e em um país cujos primeiros dados históricos datam de 1500, uma cidade que tem sua história registrada sessenta anos após a chegada do descobridor Cabral a estas terras, hoje chamadas de Brasil, pode ser considerada muito antiga!



Google Imagens

E a história se mostra em minha terra., visível a olhos perspicazes. A bela serra do Itapeti é a mesma que enfeitava a sesmaria de Braz Cubas, desbravada por Gaspar Vaz. O rio Tietê, que corta nossa cidade é o mesmo no qual singraram bandeirantes em busca de novas terras, ouro e pedras preciosas. É verdade que a serra, em certos pontos encontra-se devastada, alguns espaços deram lugar a condomínios e conjuntos residenciais, mas ela ainda está lá.
O rio Tietê, poluído, assoreado, percorre seu caminho, manso agora que as chuvas de verão   deram trégua, acomodado em seu leito, sem invadir ruas e casas como costuma fazer.
Os vários córregos que tornaram esta uma "cidade de boas águas" para os primeiros moradores, hoje canalizados, ainda cortam a cidade e vez ou outra se fazem presentes em grandes enchentes, como que dizendo: Eu ainda estou aqui... Vocês me mataram e me aprisionaram em canais estreitos, mas eu ainda estou aqui...
A história se faz presente em ruas estreitas, casarões, igrejas centenárias.

                                          Vista de Mogi das Cruzes: à esquerda, à frente a Universidade de Mogi das Cruzes, 
                                           à direita o Mogi Shopping e ao fundo, atrás dos prédios, a Serra do Itapeti.

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=542304

Entretanto, pouco se faz pela preservação desse passado tão importante para nossa consciência como seres  históricos e participativos. Os casarões são abandonados à própria sorte, até que para a segurança daqueles que não os preservaram, sejam demolidos, ou então modificados, muitas vezes deixando apenas a parede da frente, iludindo os olhos dos que procuram as marcas do passado.
Dentre as igrejas centenárias, algumas resistem tenazmente graças ao desvelo das ordens religiosas, de pessoas devotas, de irmandades empenhadas em manter e cuidar. Somente na lembrança,  ficou a Igreja do Rosário, demolida,  cujas terras foram vendidas e hoje dão lugar a um centro de compras...
Agora ouço dizer que querem "atualizar" o nosso brasão, idealizado por Afonso Taunay e desenhado por Wasth Rodrigues, em 1930.  Segundo aqueles que defendem a ideia, é necessário corrigir e modificar o que foi projetado há mais de oitenta anos. 
O que dizer sobre isso?
Em uma terra que deixa morrer seus rios e que destroi seu passado, tudo é possível. Até mesmo modificar um dos símbolos da cidade. 

fontes: Izaac Grimberg em  História de Mogi das Cruzes e  Wickpedia

Um comentário:

  1. tem tanta coisa mais importante para se gastar tempo, inteligência e recursos, mas atualizar o brasão da cidade deve ser a mais importante delas.
    Parabéns pelo texto

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