sábado, 23 de agosto de 2014

SEMPRE POESIA 3: DOIS POEMAS




Dois poemas, dois apelos. 
O primeiro leva o leitor à exploração dos significados, à busca das interpretações subjetivas. Extremamente conciso e direto, permite, entretanto, um aprofundamento das ideias, um desdobramento de imagens e de sensações.
O segundo nos faz navegar pela sonoridade e plasticidade, um poema luminoso e iluminado, que se abre à exploração dos sentidos.


                                                          SERENATA SINTÉTICA
                                                                Cassiano Ricardo

Rua
        torta

Lua
          morta

Tua
          porta


LUZ DO SOL
Caetano Veloso


Luz do sol, 
Que a folha traga e traduz
Em verde novo, em folha, em graça,
Em vida, em força e em luz.
Céu azul, 
Que vem até aonde os pés tocam a terra
E a terra expira e exala seus azuis.

Reza, reza o rio,
Córrego pro rio,
O rio pro mar.
Reza a correnteza,
Roça a beira,
Doura a areia.

Marcha o homem sobre o chão,
Leva no coração uma ferida acesa.
Dono do sim e do não
Diante da visão da infinita beleza
Finda por ferir com a mão essa delicadeza,
A coisa mais querida:
A glória da vida.

Luz do sol
Caetano Veloso
   Youtube


Poema: Serenata Sintética, de Cassiano Ricardo e Luz do Sol, de Caetano Veloso em: INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto. 5.ed. São Paulo, Scipione, 1998.
Imagem: sweet-hope. blogspot.com.br


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