quinta-feira, 5 de abril de 2018

NÁUFRAGOS

Somos náufragos depois da borrasca
a pele crestada de sal e chuva,
as mãos feridas pelo leme áspero
na tentativa de manter o norte,
de manter o prumo...
Os passos trôpegos de novo em terra,
tentam encontrar o rumo há tanto perdido,
e seguimos desgarrados, combalidos...

No olhar, o cansaço de quem muito viu,
muito sonhou, muito perdeu...
A boca amarga do desengano,
lábios feridos, sem palavras, mudos...
Sim somos náufragos,
extenuados,  trôpegos, frágeis
mas sobrevivemos,
sim, sobrevivemos...

E continuamos,
e procuramos novos mares,
novos rumos,
novas metas.
Içamos as velas da esperança
e aguardamos  o vento bom que possa nos levar
talvez a novos portos
ou a paragens desconhecidas,
novas terras a desbravar.
Uma nova chama se acende e lá vamos nós
em busca do momento perdido,
do espaço a descobrir,
do tempo a se revelar,
da vida,
simplesmente...


"Um navio em alto mar apanhado pela borrasca"
Willen van de Velde, o Velho - 1680
https://pt.wikipedia.org/wiki/Willem_van_de_Velde,_o_Jovem



2 comentários:

  1. Como diz a música : navegar é preciso, seja na calmaria ou na tempestade.
    Muito bom o poema!

    "No olhar, o cansaço de quem muito viu,
    muito sonhou, muito perdeu...
    A boca amarga do desengano,
    lábios feridos, sem palavras, mudos...
    Sim somos náufragos,
    extenuados, trôpegos, frágeis
    mas sobrevivemos,
    sim, sobrevivemos..."

    Bjss!

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