sexta-feira, 20 de julho de 2012

UKELELE

Conheci o som do ukelele em minha adolescência. O som peculiar era comum em filmes de Elvis Presley e em comédias românticas que embalavam os sonhos de finais sempre felizes.
Volto agora a ouvir e apreciar esse instrumento pelas mãos de meu filho que, apaixonado por música e percussão, ensaia seus acordes nos finais de semana, aqui em casa.
Compartilho então um momento muito belo: um video em que o ukelele é tocado com maestria em meio a um mar que parece de sonho.




Can't Keep - Eddie Vedder
Youtube

Em busca de um texto para completar esta página, encontro um poema de José de Carvalho, autor que conheci à entrada do MASP, em São Paulo, há alguns anos. O livrinho (pequeno apenas no tamanho) traz poemas,  haikais e fotos.
Segundo Marino Maradei Jr, que assina a apresentação do livro, "combinam-se claramente a sabedoria de Tsé, que inspirou o Taoísmo, e a sutileza poética do Bashô. O resultado conduz a um fluxo delicado e inteligente de exercícios que se traduzem numa idealização: a Beleza Absoluta"

PEIXE NA BOCA DE JACARÉ


Se não bastasse o ar que envolve a minha voz
e esse silêncio
uma imagem não se desgasta nunca


há sempre um novo sempre - a nos tocar fundo
e não importa se fora ou dentro
dormitam cenas
fragmentos de um mundo inteiro.
às vezes uma língua escavando em semicírculo
o ouvido 
                  [em diálogos amenos de Aretino
em outras, só planície, terra desolada pela seca
onde erigiu-se uma estela aos sem destino.


e sendo um outro rio, me torno anfíbio
e deslizo ao encontro de furtivas águas


CARVALHO, José de. Destas águas. São Paulo: Quebra Nozes, 2007.

3 comentários:

  1. O haiku é lindíssimo!
    Uma forma oriental de dizer com poucas palavras muito.
    Obrigada pela sua visita e delicadeza. :)

    Gostei de tudo!
    Beijinho.

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  2. Jane
    Neste caso, o que é lindo é o poema de José Carvalho.
    Li os três primeiros versos e pensei que eram independentes dos outros mas reparei que não.
    Bj.:)

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    1. Algumas vezes a formatação me escapa, Ana... Realmente, o livro de Carvalho é um primor, descoberto em um encontro inesperado à saída do Museu de Arte de São Paulo. O próprio autor oferecia sua obra. Guardo com carinho. Obrigada pela presença. Beijo.

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