sábado, 25 de maio de 2013

POESIA SERTANEJA

Agradeço a minha amiga, Professora Valéria Mello Freire, pelo livro Vaqueiros e Cantadores, uma reedição da obra de Câmara Cascudo, pesquisador da arte popular, da cultura sertaneja do Brasil.

A poesia tradicional sertaneja tem seus melhores e maiores motivos no ciclo do gado e no ciclo heroico dos cangaceiros. O primeiro compreende as "gestas" dos bois que se perderam anos e anos nas serras e capoeirões e lograram escapar aos golpes dos vaqueiros. [...]
[...] O ciclo heroico dos cangaceiros, posterior ao ciclo do gado, não tem menor abundância nem influência na "cantoria" sertaneja. Os grandes criminosos estão com suas biografias romanceadas.
Câmara Cascudo  

A seguir um exemplo de Poesia de Cordel, de autoria de João Mendes de Oliveira, em homenagem ao Padre Cícero, figura religiosa e mística do sertão, registrado no livro de Câmara Cascudo.

Faz quarenta e tantos ano
que chegou no Juazeiro,
construiu uma Matriz, 
botou na frente um cruzeiro...
Celebrou a Santa Missa,
deu bênção ao Mundo Inteiro...

É um pastor delicado,
é a nossa proteção,
é a salvação das alma,
o padre Cisso Romão,
é a justiça divina
da Santa Religião!...

[...]

Quem não prestar atenção
ao que meu Padrinho diz
também não crer na Matriz
da Virgem da Conceição,
nem no profeta São João,
não poderá ser feliz.

[...]  

Não tenho mais a dizer,
Eu sou João Mendes de Oliveira,
nesta língua brasileira
eu nada pude aprender,
porém posso conhecer,
de tudo quanto é verdade!
Não tenho capacidade,mas sei que não digo à-toa:
PADE CISSO É UMA PESSOA
DA SANTÍSSIMA TRINDADE!...
                                                     João Mendes de Oliveira



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