quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

MOMENTO FUGAZ

Durante minha longa jornada como professora, raros foram os momentos em que me sentei ou permaneci em silêncio, sem interagir com os alunos. Construí minha carreira acreditando que o maior trunfo do professor é fazer com que o aluno o perceba  como um cúmplice na tarefa de desvendar o conhecimento, que tenha prazer e curiosidade nas atividades que pratica, e que seja sempre desafiado a crescer, a superar as dificuldades. Acreditando nisso, é dífícil imaginar aulas apenas expositivas, sem interação, sem conversas, sem brincadeiras e atividades lúdicas.
Entretanto, houve raros momentos de calma e silêncio.
O texto a seguir, escrito há alguns anos,  retrata um desses momentos.

Desfruto deste momento,
raro e fugaz,
de completa imobilidade.
Mente esvaziada de angústias,
problemas - solúveis talvez -
planos, projeto, dores...
A classe, silenciosa, calcula e pensa,
suspira e apaga... e escreve.
Eu, à frente, somente observo, quieta.
Pela janela aberta,
em meio à brisa matinal,
vozes que brincam,
pés que correm,
vida em movimento.

Nada, porém, desfaz esse momento,
e desfruto com prazer desse hiato
que, certamente passageiro,
será rompido a qualquer instante.

Alguém se move e se levanta
e se aproxima.
Rompe-se o instante,
e a vida retoma seu pulsar.
Novamente dona das minhas ações,
também me levanto, movimento-me
e retorno ao cotidiano agitado
que constrói o meu viver....

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